FARMÁCIA LOGÍSTICA

Visão geral

Logística da cadeia de medicamentos e Insumos Farmacêuticos na área Hospitalar

O setor de logística dentro de qualquer organização é um grande desafio para os gestores, principalmente quando se trata de uma organização de saúde, uma unidade hospitalar, onde os insumos devem estar disponíveis, em quantidades adequadas e no menor custo e tempo possível, para atender toda a demanda dos pacientes, nas melhores condições físicas, garantindo a integridade dos insumos para uma total segurança e qualidade ao cliente final.

A gestão de um hospital é algo extremamente complexo, em função da variedade de setores existentes dentro de uma mesma organização, desde a internação do paciente, unidade de internação, centro cirúrgico, UTI, passando pelos vários setores clínicos, administrativos, todo parque tecnológico, e as áreas de apoio, onde a farmácia hospitalar realiza a gestão de todos os insumos farmacêuticos utilizados pelos pacientes, desde de sua programação, aquisição, recebimento, adequação, unitarização, armazenamento, dispensação, uso e monitoramento de todos os medicamentos. É no setor de farmácia hospitalar que a logística de todos os insumos farmacêuticos são geridos, e o profissional farmacêutico, responsável técnico, devidamente habilitado e capacitado para realizar e desenvolver as metodologias de controle e um sistema de qualidade em todos os processos logísticos dos insumos da instituição.

O profissional farmacêutico deve assegurar o cumprimento das Boas Práticas dos processos, qualificação de fornecedores, aquisição, armazenamento, distribuição e transporte, frente a legislação vigente, principalmente as 3 últimas etapas com legislação específica junto a ANVISA, sob a RDC número 430 de 2020, com algumas alterações na RDC 653 DE 2022, no transporte de medicamentos. Todas as fases da cadeia de medicamentos devem ser escritas em procedimento operacional padrão (POP), devidamente documentado e controlado pelo setor de qualidade da instituição, em um gerenciador de documentos, para facilitar sua gestão, e sempre divulgar e deixar disponível para todos os colaboradores do setor para as respectivas dúvidas e treinamentos constantes dos processos.

Como dito anteriormente além da capacitação do profissional farmacêutico, para uma eficiente gestão, é necessário uma estrutura física adequada à demanda, que o sistema de informação seja capaz de determinar todas as variáveis do processo logístico ,extraindo os devidos dados necessários para o profissional atuar e que a tecnologia transforme todo o processo em um sistema mais seguro e eficiente com a respectiva criação de valor para o cliente final, ou seja, que realmente todas as mudanças possam beneficiar os pacientes e a organização, com melhores resultados e aumento no nível de qualidade e segurança.

O grande objetivo do setor de logística é disponibilizar os insumos farmacêuticos para instituição em quantidades adequadas, sem estoques excessivo, pois os mesmos geram muitos desperdícios na cadeia, pelos altos valores em estoques, necessidade de grandes espaços para armazenamento, além do risco do mau armazenamento destes insumos, acarretando em perdas por danos, desvios e perdas por validade, porém um dos principais objetivos é a disponibilização deste insumo para o paciente na beira do leito, no momento certo e para o paciente certo, portanto o trabalho do farmacêutico é fundamental dentro das instituições de saúde, um trabalho árduo e de muita responsabilidade, pois o mesmo deve acompanhar e estar capacitado para todas as fases do processo, no qual discutiremos algumas delas a seguir:

Qualificação de fornecedores: etapa fundamental para garantia da qualidade, segurança e custo no processo, se atentando para alguns tópicos importantes, normas sanitárias vigentes, documentações necessárias, avaliação das instalações, procedimentos operacionais, monitoramento e o nível de qualidade da empresa.
Planejamento de compras: etapa primordial para garantia de uma quantidade adequada, sem excessos e sem rupturas de estoques o que tanto prejudica e encarece o processo, sendo recomendável a utilização de um sistema específico para o planejamento de compras dos medicamentos e insumos farmacêuticos, dando maior assertividade, previsibilidade e redução de custos.

Recebimento: etapa crucial para a verificação de todas as características físicas dos medicamentos e insumos, para garantia da qualidade e segurança de toda continuidade do tratamento medicamentoso do paciente, portanto neste momento deve-se conferir todos os dados constantes na nota fiscal com o pedido realizado pela instituição, condições da integridade das embalagens secundárias e primárias, data de validade e lote, quantidades, condições de temperatura, para os medicamentos da cadeia do frio, sempre aferindo a temperatura neste momento, que devem estar entre 2 a 8º C, e para os produtos de temperatura ambiente deve estar entre 15 a 25º C, exposição a luz e umidade. Uma questão muito importante nesta fase são as condições de transporte que esses insumos estão chegando até a instituição, as respectivas autorizações expedidas pelos órgãos sanitários para esta finalidade, como por exemplo o transporte de medicamentos pertencentes a portaria 344/98, (solicite ao fornecedor uma cópia destas autorizações para sua garantia), portanto é importante criar mecanismos para inspecionar este transporte. Qualquer tipo de avaria ou inconformidade dos medicamentos/Insumos, no momento do recebimento, deve ser devolvido ao fornecedor e informar ao setor de compras para as devidas providências, além da verificação dos estoques para evitar o desabastecimento.

Adequação/Unitarização: Fase está no processo em que os medicamentos e insumos recebem uma identificação com códigos de barras do hospital, que pode ser feita de forma manual ou de forma automatizada, tão fundamental para o processo de dispensação e administração dos medicamentos, reduzindo significativamente os erros de medicação nestes processos.

Armazenamento: Fase muito importante na cadeia logística dos produtos farmacêuticos, para o controle e manutenção da qualidade e eficácia, porém são necessários alguns requisitos para um adequado processo, com área física suficiente para armazenagem correta e correspondente à demanda, controle ambiental adequado (temperatura, luz, umidade, condições sanitárias, segurança, ventilação e organização na disposição dos produtos armazenados)deve ser praticado onde existam produtos farmacêuticos estocados, devem ter acesso restrito e devem seguir as recomendações e especificações dos detentores dos registros. Quanto ao local do armazenamento, não devem ser colocados diretamente no chão ou encostados nas paredes, devem ser colocados em pallets plásticos e com uma distância do teto. Enfim, nesta fase do processo e aquelas constantes na RDC 430 de 2020¹.

Devemos nos atentar para as diferentes classes de medicamentos nesta fase do processo, os medicamentos termolábeis, devendo ser armazenados em equipamentos profissionais, a uma temperatura de 2 a 8 ºC, e sempre ter uma fonte de energia alternativa para manutenção da temperatura desejada, medicamentos radio fármacos, medicamentos fotossensíveis, protegidos da luz, medicamentos pertencentes a portaria 344/98, devendo estar segregado e em armários trancados, ou qualquer outro dispositivo que garanta sua segurança, como também os medicamentos de alto custo, sendo recomendável sua segregação para evitar desvios.

Diante de todas as recomendações, evidências e o cumprimento da legislação, sabemos que a mal realização de um processo logístico acarretará em perdas financeiras, ineficácia terapêutica e aumento de reações adversas aos pacientes, portanto o profissional farmacêutico deve garantir que estes processos na cadeia de medicamentos cumpram as boas práticas de armazenagem, distribuição e transporte, garantido a integridade e estabilidade do produtos farmacêuticos, proporcionando a instituição mais qualidade e segurança.

 ¹Acesse o link para a RDC 430 de 2020

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