A segurança do paciente e os erros de medicação são preocupações frequentes nas instituições de saúde por serem falhas recorrentes na cadeia medicamentosa (CM). A partir da identificação de fragilidades no processo, verificou-se a necessidade de otimização do fluxo de dispensação, armazenamento e preparo de medicamentos em um hospital privado de Porto Alegre. Tendo em vista esse cenário, o propósito foi estudar e elaborar uma área específica para o preparo de medicamentos de forma simples e atípica, sem onerar o serviço com a implantação do formato clássico através da RDC 67/2007, mas que promovesse efetividade na etapa da CM que mais apresentava eventos no ambiente hospitalar. O desafio foi estruturar a gestão compartilhada da CM pelas equipes de farmácia e enfermagem, e como em todos os casos de propostas de mudanças, houve a necessidade de ruptura do processo usual de todas as categorias profissionais envolvidas.
Alegações quanto a regulamentação proibitiva e dúvidas em relação ao quantitativo de recursos humanos para operação, foram dificuldades enfrentadas nesse processo. Em contrapartida, os possíveis ganhos com a melhoria evidenciavam-se: profissionais exclusivos para o preparo dos medicamentos, nas salas de preparo de cada unidade de internação, em ambientes específicos, sem distrações que pudessem interferir nessa tarefa, padronização do preparo conforme especificações técnicas do fármaco, maior controle de estabilidade, armazenamento e dispensação dos medicamentos oriundos da farmácia central, dispensação individualizada e identificada dos medicamentos multidose, controle dos medicamentos dos pacientes trazidos do domicílio após validação farmacêutica e dupla checagem com os técnicos encarregados pela administração do medicamento de modo a estabelecer mais uma barreira entre o medicamento e o paciente.
Para tornar viável a melhoria, algumas adaptações foram necessárias: reforma do espaço físico, visando um layout compartilhado entre as equipes e exclusivo para a dinâmica proposta, contratações de auxiliares de farmácia e técnicos de enfermagem e capacitações das duplas abordando a interface das categorias para efetividade do projeto. As atividades determinadas para o auxiliar de farmácia foram a separação dos itens componentes da prescrição e elaboração de etiqueta individualizada com identificação (rastreabilidade). Já as do técnico de enfermagem foram a conferência dos itens/etiqueta e o preparo dos medicamentos para a dispensação ao técnico encarregado da administração ao paciente.
Como resultado, após um ano de implementação, observou- se uma redução de 60% dos estornos de medicamentos, economia de R$1.750,00 em relação a perdas mensais e redução de 55% em relação à erros de administração de medicamentos, mesmo havendo aumento da complexidade dos procedimentos realizados e perfis de pacientes admitidos no período. A meta 3 de segurança do paciente faz parte do propósito institucional, e implantar melhorias para deter os erros relacionados a medicamentos nortearam a criação desse estudo. Os resultados comprovam que a centralização na unidade assistencial possibilitou, além de um embargo entre medicamento e paciente, uma farmacoeconomia substancial, promovendo um cuidado sustentável para a instituição. Diante do exposto, conclui-se que as salas de preparo são um case de sucesso.
Palavras chave: medicamento, segurança do paciente, sala de preparo, unitarização.
Autor: FERRAZ, Priscila