Requisitos mínimos para a unitarização de medicamentos sólidos

A unitarização de medicamentos sólidos, ou seja, comprimidos e cápsulas é uma das etapas mais críticas e essenciais dentro do processo da cadeia de suprimentos em uma instituição e uma das mais importantes para organização e a diminuição dos erros de medicação. O objetivo desta fase do processo é preservar as informações que constam na embalagem primária do medicamento, fundamentais para que possa ser administrado com segurança. Algumas das informações presentes na embalagem são: nome, validade, dosagem, código de barras/Datamatrix, lote, fabricante, além de alertas relacionados aos medicamentos, como por exemplo, risco de quedas, não administrar em grávidas, Medicamento de Alta Vigilância (MAV) e outros, podendo-se personalizar de acordo com as características da instituição.

A título de complemento, as mesmas recomendações valem para a identificação de ampolas.
A título de complemento, as mesmas recomendações valem para a identificação de ampolas.

Melhorias neste processo são essenciais para garantia de qualidade e para a segurança do paciente e proporcionam algumas vantagens como: entrada imediata do medicamento na conta dos pacientes e baixa automática do estoque, rastreabilidade e diferenciação dos medicamentos que possam causar danos aos pacientes no momento da administração, como por exemplo, controlados, alta vigilância, quimioterápicos, citostáticos, medicamentos com nomes e sons parecidos (LASA), entre outras classes; além de fornecer para a enfermagem, no momento da administração, uma leitura clara e efetiva de todas informações necessárias do medicamento na embalagem unitarizada, para garantia da segurança no processo à beira leito, proporcionando fácil usabilidade pela equipe assistencial e redução dos níveis de estoques nos hospitais, em comparação aos que não realizam a unitarização, número que atualmente aproxima-se de 60%.

Para garantir um processo seguro e eficiente devemos atender os requisitos mínimos:

  • Realizar a higienização das mãos e dos equipamentos a serem utilizados, antes de iniciar o processo.
  • Possuir uma sala exclusiva e dedicada a essa atividade, com instalações adequadas ao cumprimento da legislação, com espaço condizente, de fácil limpeza, com iluminação suficiente, pia para higienização das mãos, temperatura e umidade controladas, móveis ergonômicos e, se possível, que seja próxima da área de recebimento, para evitar movimentações desnecessárias.
  • No momento da unitarização do medicamento, unitarizar apenas um produto por vez, a fim de evitar riscos de misturar os medicamentos, ocasionando sérios danos aos pacientes. Iniciar conferindo o lote e as informações a serem impressas na embalagem unitarizada, comparando com as informações da caixa primária do medicamento. Se possível neste momento realizar a leitura do código de barras do medicamento a fim de inserir as informações na máquina e realizar a conferência. Após o término do processo na máquina de unitarização, realizar uma inspeção no equipamento para verificar se não ficou nenhum medicamento; realizar a inspeção visual e contagem dos medicamentos unitarizados; lacrar este medicamento em caixas plásticas com o nome e quantidade do medicamento unitarizado, devidamente identificado, para posterior envio à farmácia central.
  • Separar os medicamentos pelos respectivos lotes, ou seja, se neste momento o medicamento tiver mais de um lote, trabalhar com um lote por vez, comparando-o com as respectivas embalagens primárias. Recomenda-se, ainda, organizar de forma serializada, os medicamentos de alto custo ou específicos.
  • O profissional farmacêutico, juntamente com a equipe de Qualidade e Segurança do Paciente, deverá criar indicadores de controle para o processo, com o intuito de garantir que após a unitarização de cada medicamento tenha-se a segurança necessária e que não haja falhas no processo. Pode-se criar uma planilha informatizada com todos os dados do medicamento unitarizado e, após o término de cada produto, realizar a conferência física, para evitar erros no processo.
  • Realizar treinamento para todos os envolvidos no processo de unitarização e evitar a rotatividade de pessoas na utilização do equipamento, para evitar possíveis danos e falta de medicamentos unitarizados destinados aos pacientes. O ideal é ter um colaborador de referência por plantão para operar o equipamento.

É importante lembrar o que não se deve fazer neste processo, ou seja, é estritamente proibido:

  • Trabalhar sem código de barras (CB): É essencial que todo o processo de unitarização de medicamentos seja realizado utilizando o sistema de Código de Barras (CB). Isso garantirá a rastreabilidade e segurança, minimizando os erros e garantindo que cada medicamento seja devidamente identificado e unitarizado antes de qualquer procedimento.
  • Desblistar os medicamentos: Os medicamentos em comprimidos, cápsulas e drágeas, devem ser sempre unitarizados em seus respectivos blísteres, para conservar suas propriedades fisioquímicas, garantidas pela indústria farmacêutica, além de seguir continuamente os padrões de segurança estabelecidos no processo e evitar qualquer risco à saúde dos pacientes.
  • Misturar lotes na sala de unitarização: Como recomendado anteriormente, os lotes devem ser devidamente separados e deve-se trabalhar sempre com um lote por vez, a fim de que não haja confusão ou mistura de diferentes medicamentos. Essa prática promove a rastreabilidade e evita potenciais erros na dispensação de medicamentos aos pacientes.
  • Trabalhar com vários operadores na sala: O ideal é que trabalhe apenas um operador por vez, e não trabalhar com vários colaboradores na mesma sala. Cada operador deve ser devidamente autorizado e capacitado para desempenhar suas funções de acordo com os procedimentos estabelecidos. A unitarização de medicamentos deve ser realizada apenas por operadores designados e devidamente treinados, evitando qualquer erro no processo.
  • Fracionar lotes de entrada: O fracionamento de lotes de medicamentos não deve ser realizado no processo de unitarização, deve ser seguindo rigorosamente os protocolos e diretrizes estabelecidos. É importante garantir que cada lote seja corretamente identificado e que não haja riscos de erros ou mistura indevida durante o processo.
  • Não ter uma sala separada para a unitarização: É imprescindível que a unitarização de medicamentos seja realizada em uma sala específica e devidamente designada para esse fim. Essa medida visa evitar qualquer possibilidade de erros no processo e garante um ambiente controlado e adequado para unitarização segura.

A dispensação de medicamentos é outra atividade essencial dentro da Farmácia Hospitalar, razão pela qual a mencionamos aqui, pois trata-se da etapa que sucede o processo de unitarização. Sendo assim é necessário ter uma atenção especial com relação à escolha do sistema de distribuição, adequado às características da instituição, com a utilização de tecnologias, armários inteligentes automatizados, leitura de código de barras e separação de Medicamentos de Alta Vigilância e psicotrópicos, devidamente identificados e separados dos demais itens e entregues pessoalmente nos postos de enfermagem.

O trabalho do profissional farmacêutico nestes processos mencionados deve ser guiado pelos seguintes objetivos: possuir um sistema de unitarização organizado e seguro; um sistema de distribuição racionalizado para garantir o cumprimento da prescrição médica; administrar corretamente os medicamentos aos pacientes, mitigando os erros; reduzir o tempo da equipe de enfermagem com atividades que deveriam ser da equipe técnico-administrativa; e potencializar o seu papel na equipe multidisciplinar, proporcionando à instituição uma gestão ativa e eficiente economicamente, com a redução de custos e desperdícios, e uma terapia medicamentosa segura, eficaz e  racional aos pacientes.


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