Ótimos resultados da integração entre tecnologia e sistema de saúde
A Integração entre tecnologia e sistemas de saúde geram tratamento humanizado, eficiente e sustentável.
Atualmente na América Latina, os principais desafios debatidos na área da saúde, referem-se a sua implantação baseada em valores e a iminente necessidade de adesão às inovações tecnológicas, com soluções disruptivas, sobretudo as centradas no paciente e com a máxima excelência na qualidade.
Nesse processo em direção a saúde baseada em valor, a tecnologia digital é um importante aliado, afinal a busca de mais benefícios aos pacientes, ao sistema e ao serviço é uma constante.
A inovação tecnológica possibilita uma assistência com maior segurança, qualidade e transparência aos profissionais de saúde, bem como menor tempo de resposta nos atendimentos.
Um grande desafio do sistema na tecnologia é em relação ao baixo uso de dados e de recursos da Inteligência Artificial. Um gargalo no sistema de saúde no Brasil está relacionado ao uso, ainda limitado, de inovação no tratamento de dados em saúde.
Isso está na hora de mudar para que possamos nos beneficiar das diversas vantagens que ajudaram na reorganização do sistema, como a otimização de recursos e redução dos desperdícios. No Brasil, estima-se que 33% dos gastos em saúde sejam desnecessários.
A implantação de novas tecnologias permite uma expressiva melhoria de qualidade e geram ganhos para o sistema além da redução de custos. ( Leia mais : “ É possível realizar transformações e mudanças no ambiente hospitalar”). O desenho de modelos inovadores de atendimento e prevenção, com o uso de elementos que viabilizam a ruptura dos padrões anteriores de cuidados médicos revolucionaram a medicina.
Na figura 1 elementos que viabilizam novos paradigmas em saúde:
- Big data e Inteligência Artificial (IA): Aumento exponencial da capacidade de processamento de dados e redução de seu custo, machine learning;
- Internet of things (IoT) internet da coisas: Conexão em redes de objetos físicos de diferentes tipos e a leitura e interpretação de seus dados;
- Prontuário eletrônico: Tecnologia que permite registrar todas as informações relevantes à saúde de um paciente e apresentá-las ao médico de forma a fornecer um quadro significativo;
- Telemedicina: Conjunto de tecnologias que viabiliza o atendimento e acompanhamento a distância do paciente.
A tecnologia possue um enorme potencial de gerar melhorias em processos internos de serviços, além da identificação de necessidades dos pacientes. Esse desafio é constante, muda e avança conforme a tecnologia também avança. A tecnologia revolucionou a forma de tomar decisões e gerou impactos nas reações sociais e econômicas, na saúde e na ciência por meio da criação de novos meios para coletar, manipular, analisar e exibir dados.
Sistemas de saúde
A busca por maior eficiência do sistema é uma das mais sérias batalhas a serem travadas nos países da América Latina. Em uma avaliação apresentada durante o 5º Fórum Latino Americano de qualidade e segurança na saúde citou a Argentina, Brasil, Colômbia e México, como as quatro maiores economias da América Latina.
Elas fizeram progressos significativos no sentido de fornecer cobertura de saúde para sua população, aumentaram o acesso aos serviços de saúde, reduziram desigualdades e aumentaram o gasto público em saúde. Mas buscam um sistema que a medicina é baseada em valor, que os desfechos e os custos são medidos de acordo com as condições clínicas e os dados são analisados desde do pré atendimento, fase pré diagnóstica e prevenção, toda fase de internação e o pós alta.
Para isso é preciso organização em torno de componentes principais apresentados na figura 02.
Estabelecer o contexto, a política e as instituições para uma atenção médica de valor.
A Colômbia é o único país que tem atualmente um nível moderado no alinhamento com o Value-Based Health Care, o principal é na atenção médica integrada e centrada nos pacientes. Em 2000, após a mudança da ideologia na saúde com foco na atenção primária e a privatização dos serviços de saúde, o acesso dos pacientes à saúde foi expressivo. Em 1990 era de 17%, em 2016 foi para 97%.
O México também possui um enfoque na atenção médica integrada e centrada nos pacientes, até 2003 a cobertura era de 50% após a reforma que teve o objetivo de expandir a proteção em saúde para alcance da cobertura universal da população mexicana e em 2012 passou para 92%. Lá o Medcall, atende cerca de 90mil pacientes por mês pelo telefone. Eles recebem orientações e consultas médicas e 62% dos problemas são resolvidos pelo telefone. O restante é encaminhado para clínicas para o acesso a especialidades.
Ainda no quesito atenção médica integrada e centrada nos pacientes, a Argentina e o Brasil, possuem uma cobertura teórica de 100% dos cidadãos, pois as constituições garantem o acesso, isso não ocorre e a cobertura não passa de 60%. Com isso as Startups que investem na saúde, conseguem disponibilizar acesso há uma parte da população que não era atingida.
O Brasil é a quinta nação mais populosa e o sétimo mercado de saúde, com 5 milhões de postos de trabalho e quase 9% do PIB nacional. Possui uma grande quantidade de Startups, hospitais, laboratórios, clínicas e empresas dispostas a investir em inovação. Isso faz com que o país seja visto como um centro gerador de novas tecnologias e o maior mercado de saúde digital da América do Sul.
Porém, os desafios são vários, ainda somos um país com profundos contrastes, muitos brasileiros vivem em bairros em áreas nobres e ricas do país onde a idade média de falecimentos ultrapassa os 80 anos. Mas o país é marcado por mortes violentas, especialmente homicídios e enfrenta graves epidemias de Malária, Dengue, Zika, Chikungunya e outras doenças infectocontagiosas.
Sua população também passa por uma profunda transformação na evolução. A previsão é que a população acima de 60 anos triplique até 2030 e que o Brasil tenha nove vezes mais nonagenários e menos da metade de jovens em 2065. Viver mais significa também gastar mais, seja em cuidados com a saúde ou com a previdência social. No Brasil a preparação para cuidar de uma população cada vez mais idosa é urgente.
Com o novo perfil demográfico da população, resultante do envelhecimento, e o aumento da prevalência das doenças crônicas, aumenta a necessidade de alocar os recursos do sistema de maneira mais adequada para atender a essa nova demanda.
Deve-se desde já estimular a atenção primária, o mais eficaz para doenças crônicas, pois permite o acompanhamento do cuidado, evitando assim internações desnecessárias. No Brasil, 31% das internações, principalmente causadas por complicações de doenças crônicas, poderiam ser evitadas com essa a expansão na saúde primária.
Em alguns lugares do mundo a mesma tecnologia consegue possibilidade de diferentes desfechos. Porém, no Brasil, a tele saúde possui limitações regulatórias que reduzem esse impacto potencial da saúde primária, consultas pelo telefone.
Atualmente, no Brasil o sistema de saúde mais utilizado é o FEE for service (pagamento por serviço), ele estimula a adoção de procedimentos desnecessários. Quanto mais doente estiver o cidadão, mais se ganha. Esse modelo é falido e precisa ser enfrentado. No mundo diversos sistemas estão mudando o foco para o desfecho clínico do paciente e consequentemente a sua segurança e satisfação e não mais para o pagamento.
A política do Triple Aim (tripla meta), está dedicada a promover a qualidade e a segurança em saúde, esse equilíbrio está atrelado na busca constante de melhorar a experiência do paciente com o cuidado, promover a saúde da população, e reduzir os desperdícios. Nesse sistema o paciente é o centro das atenções. Assim é necessária a criação de novos mecanismos para o aumento ao acesso dos pacientes na busca do cuidado a saúde.
A proposta é focada na promoção da saúde, e não na doença, e os cuidados de saúde são organizados em uma rede de prevenção e acompanhamento. E a percepção da qualidade nos atendimentos pelos pacientes, é muito importante. A boa experiência do paciente é um objetivo do Triple Aim.
Para vincular profissionais de saúde com pacientes e oferecer cuidados e acesso ao sistema é necessário definir estratégias. A tecnologia serve como instrumento para entregar os cuidados necessários que os integrantes de que cada grupo precisa.
A garantia da adesão ao tratamento deve combinar acesso, educação e mecanismos de acompanhamento. Hoje existem soluções digitais que podem ajudar na adesão ao tratamento (Figura 03).
O sistema de saúde é muito rico em dados, então a construção de um banco de dados centralizado pode trazer ganhos relevantes. O compartilhamento de informações intrasetoriais de saúde pode ser utilizado para alavancar resultados no acesso as informações dos pacientes. Mesmo com um expressivo atraso do Brasil no registro eletrônico, a jornada para integração dos dados dos pacientes é fundamental para o entendimento da saúde dos pacientes por regiões por exemplo, e qual a prioridade de cada uma.
Além disso a descentralização da saúde em diversos níveis também é importante. A maioria dos municípios brasileiros, cerca de 69% possui até 20 mil habitantes, com baixo nível de receitas próprias e um alto grau de dependência financeira da federação.
A reorganização da rede de saúde no Brasil é importante para oferecer a saúde conforme a necessidade de cada região, e fazer com que os serviços especializados aumentem a resolutividade e gerem economias.
O país vive o peso da saúde, dos custos e da governança.
Mesmo que pareça difícil, novas tecnologias digitais contribuem visivelmente para uma mudança intensa de qualidade, em busca de um sistema de saúde mais acessível, inteligente, humanizado e personalizado, com uma efetiva melhoria na qualidade do atendimento aos pacientes, nos resultados e com menor custo.
Existem modelos de saúde diferentes ao redor do mundo, mas a necessidade de criar um sistema mais sustentável é comum a todos.
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